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Figura 18 - Edifícios comerciais do loteamento Cidadela, em Salvador (Fonte: Acervo Fernando Peixoto)

Na Bahia, podemos destacar, dentre os exemplares da arquitetura moderna que se utilizam de brises para controlar a incidência solar, o Edifício Caramuru (Paulo Antunes Ribeiro, 1949), no Comércio; e o Edifício Octacílio Gualberto, antiga sede do IPASE (Diógenes Rebouças, 1953), no Viaduto da Sé. Do mesmo período é a execução do projeto de recuperação e adaptação da Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha em Espaço Cultural da Barroquinha . Construída no século XVIII e tombada pelo IPHAN em 1941, a igreja havia sido destruída por um incêndio em 1984. Na segunda metade da década de 1980, Lina Bo Bardi havia elaborado um projeto de restauração e reabilitação em centro cultural desta igreja, nunca executado. O projeto elaborado em 2009 pelo arquiteto Joaquim Gonçalves, graduado pela UFBA em 1973, recompõe a volumetria lacunar da igreja através de painéis de vidro com estrutura em aço, adequando o espaço para abrigar um equipamento cultural multiuso, administrado pela Prefeitura Municipal de Salvador. Os valores culturais do projeto de José Bina Fonyat Filho devem ser preservados [. .

Fruto da colaboração de Lelé com o médico Aloysio Campos da Paz Jr. , fundador da Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor,e dando continuidade a uma parceria que se iniciara em 1980, com o projeto do Hospital Sarah de Brasília, o CTRS tratá para Salvador um papel central na produção arquitetônica brasileira pelas décadas seguintes. Com uma área construída total de quase 20 mil metros quadrados, o CTRS teve um custo total de implantação de 18 milhões de reais e abrigava oficinas de metalurgia pesada e leve, de marcenaria e de fabricação de elementos em argamassa armada, de componentes plásticos e de peças em fibra de vidro.

A Casa Itapuã (2017), com apenas 90 metros quadrados, e a reforma da residência de acolhimento a religiosas idosas (2019), em Piatã, Salvador, demonstram a capacidade criativa e o domínio técnico dos dois jovens arquitetos; este último projeto demonstra a capacidade da jovem dupla de arquitetos de, com recursos limitados, transformar uma edificação banal e funcionalmente inadequada em uma arquitetura atraente e apropriada para o uso a que se propõe. Para a grande maioria dos professores e arquitetos, na época,engajados nas práticas de arquitetura, o conjunto arquitetônico do autor, denominado Cidadela, foi considerado uma brincadeira de mau gosto, uma negação da verdadeira arquitetura". Entretanto, tal conjunto arquitetônico surpreendeu a cidade, o cidadão comum, os pedestres, os motoristas. Para a academia e o mercado imobiliário dominante e conservador tal empreendimento foi considerado um despropósito, um absurdo. Para o mercado emergente e de menor tradição imobiliária, provavelmente um achado.

7 A reação ao ecletismo e ao neocolonial se deu por meio de um conjunto de expressões arquitetônicas que se tornou mundialmente conhecido como arquitetura moderna, que se apropria dos novos materiais de construção, como o aço, o concreto e o vidro, e da liberdade decorrente da adoção de uma estrutura independente dos elementos de vedação (paredes), abolindo a estrutura mural e promovendo integração visual entre interior e exterior e continuidade espacial no interior das edificações. Também chamada de funcionalista ou racionalista, a arquitetura moderna se caracteriza, ainda, pelas formas geométricas e pela abolição dos ornamentos. Carol Gabrieli, graduada pela UFBA em 2008 e ex colaboradora do Sete43, esteve associada com seu colega de turma Fagner Novaes entre 2012 e 2018 no estudiofarol, escritório atuante tanto na área de cenografia e arquitetura para eventos quanto em projetos de arquitetura perene.

. ], já que ele se constitui em um valioso patrimônio da cidade de Salvador. Ainda que se anseie receber soluções que capacitem o edifício às novas técnicas e tecnologias ligadas ao espetáculo, não se pretende ferir o aspecto geral do edifício ou as premissas básicas do seu projeto inicial. A preservação e a modernização necessitam estabelecer um diálogo coerente e equilibrado nas propostas, apresentadas para que os objetivos pretendidos com o concurso sejam efetivamente alcançados. (BAHIA, 2009, p. 07) Analisar a arquitetura contemporânea da Bahia não é tarefa simples por diversas razões. A primeira é a presença expressiva, nas cidades brasileiras em geral e, em especial, nas metrópoles do porte de Salvador, de áreas de ocupação informal, nas quais predomina a autoconstrução isto é, edificações erguidas, muitas vezes de forma precária, sem a participação de profissionais legalmente habilitados para o exercício da arquitetura e do urbanismo. 1 Alguns dados demonstram que de 30 a 45 das cidades baianas, pelo menos, são resultantes de processos de ocupação informais.

Através do CTRS, Lelé propunha atuar em todo o ciclo de vida dos edifícios hospitalares, do projeto à construção e, posteriormente, à manutenção e atualização às eventuais modificações de funcionamento, decorrentes da constante introdução de novas tecnologias. Pressupunha ainda o desenho, fabricação e manutenção de equipamentos e mobiliário de todos os hospitais da Rede Sarah, como a cama-maca. A experimentação formal atinge seu ápice no projeto da Casa Fusão, em Alphaville (2011), um condomínio residencial de alto padrão na Avenida Paralela.

O ex sócio Zilton Cavalcanti se radica no vizinho estado de Sergipe, onde funda, em Aracaju, a Organum Arquitetura. Trabalhando predominantemente com maquetes físicas e desenho à mão, a Organum segue, em seus projetos, a trilha de experimentação formal aberta pelo Sete43. A Casa Rubi (2009), em Aracaju, incorpora uma série de características da produção de Naia e Moacyr, ainda que com expressividade própria. Os outros ex sócios também ecoam a experiência do Sete43 em seus projetos individuais, como a Casa da Lagoa (2015), no Condomínio Parque Interlagos, em Camaçari, de Yoanny Calvo, e a Casa Balanço (2018), no Condomínio Alphaville 2, em Salvador, de Sérgio Alencar. Renata Mota, graduada pela UFBA em 2007, foi assistente de Moacyr Gramacho na cenografia e direção de arte de diversos projetos, dirigiu o Centro Técnico do TCA entre 2007 e 2011 e se consolidou na última década como uma cenógrafa brilhante e sensível. A árvore formada por 12 mil origamis, produzida para a Fliquinha 201421, em Cachoeira, com o reaproveitamento de livros sem condições de uso, associa inventividade, lirismo, reciclagem e valorização da produção artesanal, em uma das experiências mais relevantes da arquitetura efêmera baiana nos últimos anos.

A Casa Fusão é projetada num período em que jovens arquitetos como o cubano Yoanny Calvo (graduado pelo Instituto Superior Politécnico José Antonio Echeverría em Havana, em 2001, e especialista em conservação e restauração de monumentos e núcleos históricos pela UFBA, em 2004) e os baianos Sérgio Alencar (graduado pela Unifacs em 2004) e Zilton Cavalcanti (graduado pela UFBA em 2006) se tornam sócios do escritório. O prisma ortogonal, recorrente em diversos projetos residenciais anteriores do escritório, é deformado e transformado em um volume branco esconso, elevado do solo. O pavimento térreo, por sua vez, é caracterizado por formas orgânicas - embora a circulação longitudinal que atravessa diagonalmente a edificação, adotada em outros projetos residenciais do escritório, esteja novamente presente.

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(SILVA, 2017) A apreciação crítica da obra de Fernando Peixoto tem, desde os anos 1990, dividido os especialistas. Em 1995, Pasqualino Magnavita publicou, em uma das principais revistas especializadas do país, um artigo defendendo que a arquitetura de Peixoto seria uma inusitada e lúdica transgressão dos rituais da arquitetura tradicional e moderna e que seria um reflexo do contexto cultural soteropolitano à época, quando a axé music e grupos percussivos como o Olodum ganhavam destaque no cenário nacional e internacional. Para Magnavita (1995, p. 84), a arquitetura de Peixoto traria, de forma inovadora e inédita, referências à cultura africana para a arquitetura erudita e comercial, através da utilização da cor: as fortes imagens visuais que as fachadas dessas edificações transmitem [. . . associam-nas à. . . ] permissividade do contexto cultural baiano [. . . ], isto é, o conjunto de valores e estímulos sensoriais e estéticos inerentes ao repertório da cultura afro em suas manifestações. Entre 1992 e 1994, foi implantado, na Avenida Tancredo Neves, em Salvador, o Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), através de contrato de gestão firmado entre a Associação das Pioneiras Sociais e o Ministério da Saúde.

Não obstante, as bases do concurso, publicadas quatro anos antes, já estabeleciam como uma das diretrizes do projeto que: [. . . ] são os cartazes da estrada, por meio de suas formas esculturais ou silhuetas pictóricas, com sua posição especifica no espaço, suas formas inclinadas e seus significados gráficos que identificam e unificam a megatextura. Eles fazem conexões verbais e simbólicas através do espaço, comunicando uma complexidade de significados mediante centenas de associações feitas em poucos segundos e à distância. O símbolo domina o espaço. A arquitetura não é suficiente. O projeto parte da restauração e adaptação em museu do Palacete Martins Catharino, exuberante edificação eclética construída em 1911 pelo arquiteto italiano Rossi Baptista para servir de residência de um dos empresários mais ricos da Bahia.

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A fenestração do volume branco apresenta as formas mais diversas, sempre tortas - embora, na execução, essa solução tenha sido, em certa medida, comprometida pela utilização de janelas e portas ortogonais, com a adoção de folhas fixas de vidro para fechar os vãos remanescentes. O fato de ter sido construída em um condomínio onde predomina uma arquitetura comercial banal ressalta ainda mais a forma inusitada da edificação. Os projetos do TRT e do MCMV, contudo, não tiveram continuidade. Dos oito pavilhões previstos no projeto do TRT, somente um foi finalizado, após longos percalços e embates entre a construtora vencedora da licitação e a equipe do IBTH e depois do Tribunal de Contas da União deliberar pelo cancelamento do contrato de gestão da obra pelo IBTH. Mesmo a única torre finalizada do projeto do TRT jamais chegou a ser ocupada, e, recentemente, foi cedida ao Tribunal Regional Eleitoral, seu vizinho, do qual virá a se constituir em um anexo. O projeto do MCMV, por sua vez, ainda que tenha sido solicitado a Lelé pela então presidenta Dilma Rousseff, foi arquivado sem que o IBTH recebesse qualquer remuneração pelo projeto devido ao lobby das empreiteiras, sem interesse nas inovações tecnológicas propostas pelo arquiteto e na redução do custo das unidades habitacionais, que passaria dos 46 mil reais adotados pelo Programa MCMV para 28 mil na proposta de Lelé.

Por outro lado, a altura reduzida do anexo e a sua localização na parte posterior do terreno, por detrás do palacete eclético, deixam claro que ele não pretende disputar o protagonismo no conjunto. As centenárias arvores existentes no jardim do palacete, por sua vez, são preservadas e definem a localização do novo anexo, bem como limitam sua projeção. 12 Brise soleil ou simplesmente brise é um elemento arquitetônico de proteção, com a finalidade principal de interceptar os raios solares, quando êstes forem inconvenientes (CORONA & LEMOS, 2017, p. 81). Embora tenha sido criado pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier para o projeto de urbanização de Argel, nos anos 1930, a primeira utilização do brise - ou quebra-sol - ocorreu na sede da Associação Brasileira de Imprensa (1936-1938), no Rio de Janeiro, projeto dos irmãos Marcelo e Milton Roberto. A partir daí, os brises - fixos ou móveis, verticais ou horizontais - serão adotados em parte significativa das obras arquitetônicas modernas do Brasil.

] A persuasão comercial do ecletismo de beira de estrada provoca um impacto audacioso no marco vasto e complexo de uma nova paisagem de grandes espaços, altas velocidades e programas complexos. Estilos e signos fazem conexões entre muitos elementos, bem distantes e vistos depressa. A mensagem é rasteiramente comercial; o contexto é basicamente novo. No novo milênio, um conjunto de projetos executados na Bahia e voltados à restauração e reuso de edifícios históricos mostra as distintas possibilidades arquitetônicas deste tipo de intervenção. Os arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, graduados pela Universidade de São Paulo em 1978 e 1977, respectivamente, colaboraram com Lina Bo Bardi em diversos projetos - inclusive, no caso de Ferraz, naqueles elaborados para o CHS na segunda metade dos anos 1980, como o Projeto-Piloto Ladeira da Misericórdia, o Teatro Gregório de Mattos e a Casa do Benin. Nos últimos 20 anos, o escritório Brasil Arquitetura, liderado por Ferraz e Fanucci, se notabiilizou pelos projetos de intervenção no patrimônio, inclusive alguns realizados na Bahia.

As duas primeiras décadas do século XXI testemunham o surgimento de uma série de intervenções de restauração e atualização funcional da arquitetura moderna brasileira. Na Bahia, o caso mais célebre é o projeto de requalificação e ampliação do Complexo Teatro Castro Alves (TCA), escolhido através de um concurso público nacional de anteprojetos de arquitetura promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e organizado pelo IAB-BA, entre 2009 e 2010. O projeto vencedor do concurso é de autoria do escritório paulistano Estudio América, à época liderado pelos arquitetos Mario Figueroa, Lucas Fehr e Guilherme Concebido para ser executado em etapas, a primeira delas, concluída em 2016, contemplou requalificação da Concha Acústica e a construção de um edifício garagem encimado por uma esplanada. É mportante ressaltar que o tombamento do TCA pelo IPHAN ocorreu apenas em 2013, quando o projeto executivo de requalificação e ampliação já estava finalizado e a direção do TCA estava captando recursos para executar a primeira etapa das obras.

Dentre estes, merece destaque o Palacete das Artes, na Graça, inaugurado como Museu Rodin Bahia em Também em 2019, foi inaugurada a sede da Neojibá - Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia, através da restauração e adaptação do conjunto arquitetônico do Parque do Queimado, na Caixa dÁgua, um complexo industrial construído no século XIX que foi a primeira companhia de abastecimento de água do país e que, por isso, foi tombado pelo IPHAN em 1997. O projeto de restauração e refuncionalização foi elaborado pelo escritório suíço B-O-V Architectes29 e pelo arquiteto baiano Sergio Ekerman e transforma um complexo arquitetônico subutilizado por muitos anos em um equipamento cultural frequentado diariamente por centenas de pessoas. O aspecto mais instigante deste projeto reside na complexa interação estabelecida entre o edifício tombado e o novo anexo. Ferraz e Fanucci buscam estabelcer um contraste entre este último e o rebuscamento e a profusão ornamental do palacete, através da limpidez e da simplicidade do novo volume, formado basicamente por planos verticais e horizontais de concreto aparente e de madeira.

2 Apesar de instrumentos legais como a Lei Federal nº , de 24 de dezembro de 2008, determinarem que o Estado deve assegurar às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social, sua aplicação no país ainda é incipiente e restrita a experiências pontuais. De modo geral, o acesso à arquitetura e ao urbanismo segue sendo restrito, na Bahia e no Brasil, a uma parcela da população. O que é o imenso cubo vermelho rotacionado que assinala o acesso principal de pedestres ao Shopping Paralela senão uma signo produzido para ser lido em alta velocidade em um espaço amplo, uma forma escultural inclinada que comunica uma complexidade de significados mediante centenas de associações feitas em poucos segundos e à distância, uma arquitetura-letreiro adequada à velocidade do automóvel? As experiências precedentes, já citadas, de Lina Bo Bardi e de Paulo Ormindo de Azevedo na Bahia, consideradas referência, no Brasil e no exterior, de como intervir no patrimônio, não impediram que a maior ação de restauração já realizada no patrimônio edificado baiano, tanto em termos de área de intervenção quanto de recursos investidos, seja considerada um equívoco em diversos aspectos.

À frente da U Arquitetura, nos anos 1970, Katsuki projetaria outras importantes obras em coautoria com o baiano Aurélio Miranda, o peruano Jorge Maldonado e o japonês Hisanori Moritaka. Dentre estas, merece destaque o emblemático Edifício Monsenhor Marques (1976), no Largo da Vitória, em Salvador. Em 2013, nos primeiros meses de seu primeiro mandato como Prefeito de Salvador, ACM Neto lançou o projeto de Requalificação da Orla de Salvador. A primeira intervenção executada, concluída em 2014, foi a requalificação da orla da Barra e teve como principal mérito a prioridade dada ao ciclista e ao pedestre em detrimento do transporte motorizado. Entretanto, a ausência de participação dos moradores e comerciantes do bairro, muitos deles insatisfeitos com a redução significativa do acesso por ônibus e as proibições de tráfego de veículos no Farol da Barra e de estacionamento em diversos logradouros, resultou em grande polêmica.

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Através destes textos e de suas obras construídas nas décadas seguintes e difundidas internacionalmente, Venturi e Rossi representarão duas das principais vertentes da chamada arquitetura pós-moderna: a primeira ancorada no pop e no kitsch, e a segunda na arquitetura das cidades entendidas como construções coletivas e em seus monumentos e permanências. No Brasil, um grupo de arquitetos mineiros, liderado por Éolo Maia, Sylvio de Podestà e Jô Vasconcellos, vai assumir um papel de liderança na arquitetura pós-moderna - a chamada pós-mineiridade -, a partir de meados dos anos 1980. Essa arquitetura de estilos e signos é antiespacial; é uma arquitetura mais de comunicação do que se espaço; a comunicação domina o espaço como um elemento na arquitetura e na paisagem. Mas é para uma nova escala de paisagem. [. . .

Admirador de arquitetos contemporâneos como o italiano Renzo Piano, cuja obra é caracterizada pela sofisticação tecnológica, Mascarenhas reconhece, após a conclusão deste que foi seu primeiro projeto público de grande envergadura, o imenso desafio que é garantir, em um contexto brasileiro e, mais especificamente baiano, que a obra seja construída seguindo rigorosamente o projeto arquitetônico, tendo em vista a contratação de obras públicas por menor preço e que, via de regra, o trabalho do arquiteto se encerra na entrega do projeto, sem qualquer participação na etapa de construção. diferentemente do que ocorre em outros países. Apesar disso, o resultado final do Tecnocentro é uma arquitetura leve e provocadora, que retoma a tradição de edifícios governamentais de qualidade arquitetônica, como aqueles anteriormente construídos no CAB nos anos 1970, já Além destes arquitetos graduados pela UFBA, merece menção o japonês Yoshiakira Katsuki, engenheiro-arquiteto pela Universidade de Waseda, em Tóquio, em 1961, e autor de projetos de excepcional qualidade como a Capela do Menino Jesus, em Itapetinga (1968), e as estações rodoviárias de Feira de Santana, Itabuna e Jequié (1967), todos elaborados em coautoria com Guarani Araripe e Alberto Hoisel, diplomados pela UFBA em 1962.

O palacete, que havia sido tombada pelo IPAC em 1986, é cuidadosamente restaurado no pavimento térreo, enquanto no pavimento superior Ferraz e Fanucci optam por demolir as paredes que separavam os diversos quartos, visando criar espaços mais amplos, alterando radicalmente a espacialidade interna do palacete. Sergio Ekerman, graduado pela UFBA em 2001, colaborou, no início da atividade profissional, com seu tio, Paulo Ormindo de Azevedo, em projetos como o de restauração e conversão em museu da Santa Casa de Misericórdia, um dos edifícios mais importantes do CHS, tombado pelo Instituto do Patrimõnio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Pesquisador da obra de Lelé15, sua obra se caracteriza pela expressividade do concreto aparente, adotado em obras como o singelo Memorial do Holocausto (2007), no Cemitério Israelita da Bahia, na Baixa de Quintas, e a sede e sinagoga da Sociedade Israelita da Bahia (projeto de 2011, em execução), na No edifício Macapá 255 (2014), em Ondina, construído para abrigar os escritórios de vários membros de uma mesma família, Ekerman adota, pela primeira vez, estrutura pré-fabricada em concreto, com vedações em alvenarias de tijolo aparente, enquanto, nos fundos do lote, fabricados in loco, estão os blocos de serviços, abrigando copa, sanitário e vestiário, e a torre de circulação, contendo escada, elevador e reservatório. O resultado é simples porém caracterizado pela modulação e pelo rigor construtivo, que denotam a influência de Lelé em sua obra. Internacionalmente, os dois textos fundadores dessa condição pós-moderna no campo da arquitetura apareceram em 1966: Complexity and contradiction in architecture, publicado nos Estados Unidos por Robert Venturi, e Larchitettura della città, publicado na Itália por Aldo Rossi.

O Programa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador (PRCHS), conduzido pelo Governo do Estado da Bahia através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) entre 1991 e 1997, adotou como estratégia a recuperação física do Pelourinho, Maciel e Carmo através de atividades turísticas e da animação cultural, expulsando quase três mil famílias que residiam em 470 edifícios encortiçados, que, para criar uma ambiência cenográfica, foram totalmente destruídos internamente e tiveram apenas suas fachadas restauradas - muitas vezes através da eliminação de elementos históricos como platibandas e ornamentos, em busca de uma suposta unidade arquitetônica de feição neocolonial. Estes imóveis, após a restauração, passaram a abrigar espaços culturais, bares, restaurantes e lojas voltados aos turistas e a uma pequena parcela da população soteropolitana, de maior poder aquisitivo. As cores vibrantes adotadas nas fachadas, historicamente exógenas à área, e a criação de praças no miolo dos quarteirões, através da destruição e terraplenagem dos respectivos quintais, são outros aspectos desta monumental intervenção questionados pelos especialistas.

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A requalificação da orla do boêmio bairro do Rio Vermelho, por sua vez, concluída em 2016, provocou polêmica pela transformação do tradicional e popular mercado de peixe em um elitizado complexo de restaurantes, batizado de Vila Caramuru e formado por pavilhões com coberturas em membranas tensionadas. Dentre espaços públicos que foram objeto de projetos de requalificação realizados no âmbito do Projeto do Polígono da Identidade Cultural, na gestão Imbassahy, estão algumas das praças mais importantes da área central de Salvador, como a Piedade (arquiteto Daniel Colina, 1998), a Praça da Inglaterra (Assis Reis, 1998), a Praça da Sé (Assis Reis, 2000), a Praça Deodoro (Daniel Colina, 2000) e o Campo Grande (Arilda e Maria Angela Cardoso, 2003). Além destas, foram objeto de intervenção, entre 1998 e 2000 e seguindo projetos de autoria de Assis Reis, os Largos da Soledade, da Lapinha e de Pirajá e o Mirante dos Aflitos, Frente às elevadas umidade e temperatura de Salvador, Mascarenhas, mostrando ter aprendido a lição de Lelé, optou por adotar uma série de soluções visando aproveitar a iluminação e a ventilação naturais.

O corredor que é habitualmente utilizado nos edifícios de escritórios de Salvador, estreito e confinado, sem iluminação ou ventilação natural, foi substituído aqui, em cada uma das alas laterais, por uma circulação ao redor de um pátio central, criando uma sensação de amplitude e continuidade espacial. Esse pátio encontra-se sobre um jardim e está encimado por uma cobertura translúcida sutilmente elevada com relação à cobertura das salas, que impede a incidência direta do sol, ao mesmo tempo em que garante a iluminação zenital e a ventilação cruzada, através do efeito chaminé. O final da década de 1920 e o início da década seguinte testemunham a chegada, no Brasil e na Bahia, de uma nova arquitetura, que busca romper com o ecletismo então dominante e com o movimento neocolonial surgido alguns anos antes.

Para o senso comum que constitui a maioria da população, a imagem criada por Fernando Peixoto com suas arquiteturas, um estímulo visual na paisagem urbana de Salvador, uma alegria colorida. (MAGNAVITA, 2003, p. 18) Outra intervenção realizada no CHS no último vintênio que merece destaque é aquela conduzida no imóvel localizado na Praça da Sé, no 26/28. Na segunda metade dos anos 1990, o imóvel, construído trinta anos antes com altura maior que as edificações vizinhas e recuado do limite do lote, havia sido objeto de uma intervenção, promovida pelo IPAC, visando recuperar a continuidade do alinhamento do casario. A intervenção realizada pelo IPAC efetivamente recompunha a testada do quarteirão, ocupando o recuo, porém o fazia através da construção de uma nova fachada em vidro escuro, que, na prática, potencializava a ruptura e o protagonismo deste imóvel no conjunto, além de lhe garantir o apelido de Edifício Microondas. Essa obra, realizada à revelia do IPHAN, tornou-se uma anti-referência no tocante a intervenções em sítios históricos, nacionalmente conhecida.

Após um estágio junto ao coletivo Al Borde, em Quito, Equador, realizado em 2016, no qual participou da experiência da Casa en construcción22, Pedro Alban reúne um grupo de amigos e colaboradores e inicia um processo coletivo de recuperação do imóvel através da utilização de materiais recebidos em doação, como, por exemplo, as esquadrias em veneziana de madeira de um edifício residencial de alto padrão dos anos 1970 que estava passando por uma reforma e que estavam sendo descartadas. As esquadrias são transformadas, pelo coletivo, em portas, divisórias e pisos. Programa e projeto são estabelecidos pelo coletivo durante o processo de construção, e incluem os mais diversos usos, sempre vinculados às próprias demandas , como consultório de psicologia, espaço para aulas de yoga, exposições de fotografia, shows musicais e gravação de clipes. A obra é executada em sua quase totalidade pelos próprios membros do coletivo, com a colaboração de voluntá A contribuição do Sete43 para a arquitetura baiana, contudo, segue na obra de vários dos seus ex colaboradores.

A partir do CTRS, a equipe multidisciplinar coordenada por Lelé executou Hospitais da Rede Sarah em Salvador (inaugurado em 1994), Belo Horizonte (1997), Fortaleza (2001), Brasília (a nova unidade do Lago Norte, inaugurada em 2003) e Rio de Janeiro (o Centro de Reabilitação Infantil, em 2002, e o Centro Internacional de Neurorreabilitação e Neurociências, em 2009), além do auditório do Centro de Estudos do Sarah Brasília (1997) e do Posto Avançado da Rede Sarah em Macapá (2005) (LIMA, 1999, 2012). 10 Esses equipamentos foram projetados e pré-fabricados no CTRS, em Salvador, e suas peças transportadas para estas cidades, onde foram finalmente montados. A experiência arquitetônica mais recente a ecoar a experiência do Sete43 é o projeto Mouraria 53, implementado a partir de 2017. O projeto nasce da oportunidade, por parte de Pedro Alban - graduado pela UFBA naquele mesmo ano - de ocupar um sobrado localizado na área central de Salvador, pertencente a sua família - inclusive a tia, Naia Alban - e que, há anos, servia apenas como depósito dos materiais de construção retirados durante as reformas realizadas em outros imóveis da família.

Cutipé Cárdenas, Rocío (2002) El rol social del patrimonio Nos hemos olvidado de la gente? In: Estrategias relativas al patrimonio cultural mundial. La salvaguarda en un mundo globalizado. Principios, practicas y perspectivas. 13th ICOMOS General Assembly and Scientific Symposium. Actas. Comité Nacional Español del ICOMOS, Madrid, pp. 315-318. [Book Section]

Source: https://www.bbsassari.eu

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